quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Crea instaura processo para apurar as responsabilidades no desabamento de prédio em construção em Guarulhos

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (Crea-SP) informou nesta quinta-feira (5) que instaurou um processo para apurar as responsabilidades no desabamento de um prédio em construção em Guarulhos, na Grande São Paulo. A tragédia aconteceu na última segunda-feira (2). O corpo do operário Edenilson dos Santos foi achado no começo da tarde desta quinta-feira.
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Em nota, o Crea afirmou que não encontrou erro na documentação da área. "O Crea-SP esclarece que instaurou processo de apuração de responsabilidades, procedendo, no primeiro momento, à verificação dos documentos da empresa responsável e do profissional responsável técnico pela execução, constatando que ambos estão regulares."
Também por meio de nota, a Prefeitura de Guarulhos informou que a construção estava com o alvará de funcionamento regularizado. "O alvará de construção foi emitido em 23 de novembro de 2012 para construir um condomínio residencial de 30 apartamentos e 2 salões comerciais, totalizando 3.706 metros quadrados". Porém, no dia 14 de maio, a construtora Salema Comércio, Construção e Projetos Ltda, responsável pela obra, pediu uma alteração do projeto, acrescentando um mezanino em um dos salões comerciais. Mesmo com alteração, "por atender aos requisitos legais e técnicos aferidos pela Prefeitura", o novo alvará foi expedido no dia 6 de novembro.
Além disso, na última terça-feira, a diretora do departamento de licenciamento urbano da Prefeitura de Guarulhos, Ana Malufi, afirmou que: "a última fiscalização feita pela prefeitura foi em setembro. Nós não recebemos nenhuma denúncia sobre esta obra", disse.
Segundo o Crea-SP, o responsável técnico pela obra, Fernando Madeira Salema, tem três processos e uma denúncia na entidade. São eles: um processo por infração ao Código de Ética, que está em fase de julgamento; uma denúncia em análise; e outros dois processos devido à fiscalização. Chamado para depor pela Polícia Civil, o engenheiro civil ainda não se apresentou.
Apesar da dificuldade no resgate, o capitão Carlos Roberto Rodrigues segue otimista. Na última quarta-feira (4), ele afirmou que ainda há chance de achar o operário com vida. "Encontramos um espaço de 15 metros entre os escombros no subsolo. Pode ser que haja outros. Ainda há esperança", declarou.
O prédio, localizado na Avenida Presidente Castelo Branco, na Vila Augusta, teria 3.706 m² e oito pavimentos (térreo, cinco andares e dois subsolos) para abrigar 30 apartamentos e dois salões comerciais. De acordo com os vizinhos, as obras teriam sido iniciadas em abril.

Fonte:
 
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/obras/crea-instaura-processo-para-apurar-as-responsabilidades-no-desabamento-de-302183-1.aspx

Pilar entorta e prédio de nove andares em Santos

Após uma das colunas de sustentação do prédio entortar durante a realização de reformas, um edifício de nove andares localizado em Santos, litoral de São Paulo, foi interditado pela Defesa Civil. Além do edifício residencial, dois sobrados vizinhos também foram interditados.
Reprodução/Rede Globo
De acordo com informações de pessoas que estavam no local, após um forte estrondo, o edifício começou a ceder. Uma pessoa que passava próximo ao local chamou o Corpo de Bombeiros, que retirou todos os 170 moradores do local.
Ainda na tarde de quinta, uma empresa de reforma estrutural foi contratada para reforçar a coluna do prédio. Foram colocadas seis vigas de aço junto a coluna. Após o processo, a Defesa Civil descartou a possibilidade de desabamento do prédio. Mas, os moradores não foram autorizados a voltar para suas casas. No final da tarde os imóveis ao redor do prédio foram liberados.
A Defesa Civil ainda avalia o que pode ter ocorrido para a estrutura ceder. Porém, segundo Ernesto Tabuchi, coordenador técnico do órgão, "Normalmente, o rompimento de pilar, é por sobrecarga da estrutura do prédio. Precisamos fazer uma investigação mais técnica, com uma parte de engenharia de estruturas, para verificar o que realmente aconteceu".
Por meio de nota, a Prefeitura de Santos afirma que o edifício estava com toda a documentação regularizada junto à Administração Municipal.
O prédio foi construído há 21 anos.

Fonte: 
http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/obras/pilar-entorta-e-predio-de-nove-andares-em-santos-no-302216-1.aspx

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Segurança na Construção Civil

Apesar do crescimento brasileiro na Construção Civil estar abaixo do previsto pelo Governo, é notável que esse ritmo de produção tem causado muitos problemas em todo território nacional. Um dos mais preocupantes é o número de acidentes em obras, mesmo sendo este, um problema tão antigo quanto à própria construção civil.
O trágico acidente nas obras do estádio do Corinthians, que ocasionou duas mortes, no dia 27 de novembro mostrou que nem mesmo as grandes obras, que estão sendo gerenciadas pelas maiores empresas do ramo no país, estão funcionando sob as condições ideais de segurança.
Retirada de uma das vítimas na obra do Itaquerão.
Retirada de uma das vítimas na obra do Itaquerão.
O referido caso se junta a outras tragédias, como o desabamento de cinco andares de um prédio, em agosto desse ano, em construção em Guarulhos (SP), que ocasionou a morte de 10 pessoas, além de deixar 26 feridos.
Desabamento de um prédio em Guarulhos (SP)
Desabamento de um prédio em Guarulhos (SP)
Os números são alarmantes e segundo o Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Civil de São Paulo) o número de mortos chegou a 21 nesse ano de 2013, e já é o triplo do número registrado no ano de 2012. O número de feridos também aumentou de 336 em 2012 para 402 nesse ano. O presidente da Sintracon-SP, em declaração ao Diário de São Paulo, afirmou que o principal motivo das acidentes é uma suposta pressa imposta pelas construtoras.
Outro fato que serve de alerta é a série de greves de operários da construção civil em todo país, e que tiveram dentre suas principais reivindicações a necessidade de se ter melhores condições de segurança no trabalho. Algo que é um direito básico de todo trabalhador, mas que, infelizmente, vem sendo desrespeitado em alguns casos.
A expectativa é um cenário de crescimento ainda maior em 2014, com a previsão de um crescimento de 2,8% na construção civil e com possibilidade de expansão. Um crescimento que é impulsionado, principalmente, pela copa do mundo que aqui será sediada, mas que trará a necessidade um ritmo maior nas obras preparatórias.
Um grande questionamento a ser feito, tendo isso em vista, é se tais obras serão aceleradas respeitando os padrões de qualidade da obra e de segurança no trabalho previstos em norma. O que é inaceitável é que o amadorismo ainda esteja presente em um ramo tão importante para o país, e que vidas humanas continuem a serem perdidas de maneira tão absurda. A necessidade de mudança é evidente, e esta deve ocorrer nos diversos setores responsáveis, desde os operários até aos engenheiros, empresários e fiscais.

Dnit admite problema em viga em ponte que balança entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina

i404850O movimento intenso da estrutura da ponte sobre o Rio Uruguai, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina, finalmente chamou a atenção do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Após três vistorias, o órgão admitiu o problema com uma viga e bloqueou a circulação de caminhões com mais de 57 toneladas na obra de arte da BR-153.
Em entrevista dada ao Zero Hora, o coordenador do curso de Engenharia Civil da Unisinos, Bernardo Tutikian, afirma que a movimentação entre as partes de uma ponte é esperada e o espaço existente, a junta estrutural de dilatação, serve justamente para absorver e permitir estas movimentações. No entanto, há irregularidades no caso.
Para Tutikian, “o que não é normal, e deveria ser recuperado urgentemente, é que este espaço não está preenchido. Deveria estar fechado, para evitar estes choques secos entre concreto e concreto, o que danifica a estrutura e vai quebrando partes, lascando”, afirma.
O engenheiro ainda não descarta que, com o passar dos anos, se não houver manutenção, possa haver colapso total da ponte. “Com o tempo, a estrutura vai sendo fissurada internamente, fragilizando todo o elemento. E quando quebra alguma parte de concreto, a armadura fica exposta às intempéries, o que provoca a oxidação das mesmas e perda de capacidade resistente. Aí pode vir o colapso, mas após muitos anos”, analisa.
Após a vistoria, o supervisor regional do Dnit em Cruz Alta, Luiz Augusto Bassani, afirma que o que pode ter acontecido com a ponte foi o rompimento de algum cabo de contenção. “Isso pode ser a explicação para o movimento na ponte. Vamos tentar contratar uma empresa em regime de urgência para corrigir o problema”, ressalta o executivo.
Apesar das evidências, Bassani acredita que o problema não é grave. “É um problema normal, já que é uma estrutura antiga, por onde passam diariamente cargas pesadas”, avalia. De acordo com o supervisor, o trânsito está liberado em meia pista, em intervalos de cinco minutos, controlados por um semáforo.
Os caminhões acima de 57 toneladas estão sendo desviados pela ERS-406 por Nonai ou pela BR-153, em Erechim.

Tecnologia usada nos prédios resistentes a terremotos

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Em meio à destruição causada pelo terremoto seguido de tsunami que atingiu a costa leste do Japão prédios continuam em pé apesar do forte tremor.  O que explica isso são as altas tecnologias de engenharia civil desenvolvidas há anos pelos japoneses para minimizar os prejuízos e mortes causados pelos desastres naturais. “Eles concebem o prédio como um elemento dinâmico, já que ele estará sempre sujeito a movimentos em qualquer direção”, explicou André Dantas, engenheiro civil especialista em logística de desastres e professor associado da Universidade de Canterbury (Nova Zelândia).
Os estudos sobre construções resistentes a terremotos começaram fora do Japão na década de 70. Dois pesquisadores, Robert Park e Thomas Paulay, iniciaram estudos na Nova Zelândia sobre como desenvolver elementos de construção, como o pilar e a laje, mais resistentes aos abalos sísmicos. Depois do terremoto de Kobe, em 1995, que matou cerca de 6,5 mil pessoas, os japoneses passaram a investir mais em novas tecnologias na construção civil. “Os japoneses levaram  técnicas já desenvolvidas a um nível assustador”, diz Dantas.
Ao construir um novo prédio, a preocupação começa na fundação, parte do edifício que fica em contato com o solo. Os prédios ganham alicerces com suspensão para absorver o impacto gerado pelo terremoto. Nos prédios como os do governo japonês, são instalados amortecedores eletrônicos, que podem ser controlados à distância. Em prédios mais simples são usados amortecedores de molas que funcionam de um jeito parecido à suspensão de veículos. Os engenheiros também colocam um material especial para amortecer as junções entre as colunas, a laje e as estruturas de aço que compõe cada andar. “Esse material ajuda a dissipar a energia quando a estrutura se movimenta em direções opostas, assim o prédio não esmaga os andares intermediários”, explica Dantas. Todos os andares possuem, além de paredes de concreto, uma estrutura de aço interna, que ajuda a suportar o peso do prédio.
Uma das partes mais importantes dos prédios com tecnologias mais modernas contra terremotos é o sistema de contrapeso inercial: instalada na parte mais alta, uma bola pesada o bastante para movimentar o prédio no sentido contrário às vibrações do solo atenua o movimento e permite que o prédio se mantenha 40% mais estável durante um terremoto.
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Uma bola pesada o bastante para movimentar o prédio no sentido contrário às vibrações do solo atenua o movimento e permite que o prédio se mantenha 40% mais estável durante um terremoto
Os vidros das janelas, uma das partes mais sensíveis da construção, são envolvidos por borracha, para que não fiquem em contato direto com a esquadria de aço. Com isso, enquanto o prédio sacode, o vidro também se movimenta, porém de maneira controlada.
Este conjunto de tecnologias permite que os prédios mais modernos do mundo passem por terremotos sem comprometer a estrutura física da construção. Contudo, como cada prédio pode ser construído para suportar uma intensidade máxima de terremoto, alguns edifícios podem desabar após enfrentar uma série de abalos sísmicos em um curto espaço de tempo. “Uma estrutura já debilitada por um tremor inicial está suscetível a danos maiores”, diz Dantas.
Os engenheiros de países localizados em regiões com alta movimentação de placas tectônicas tentam preparar os prédios para suportar terremotos de diversas intensidades. Novos estudos mostram que em breve empresas poderão ajustar os sistemas de contenção das construções pelo computador no momento em que o terremoto começar. “Todas essas tecnologias serão controladas em conjunto a partir de informações de sensores”, diz Dantas.
Ao instalar sensores em todos os elementos que compõe uma edificação, um engenheiro receberá informações em tempo real sobre o início, intensidade e variações do terremoto. Depois de analisar as melhores técnicas, ele acionará via internet os dispositivos que controlam cada estrutura flexível do prédio. Será possível, por exemplo, aumentar a velocidade do pêndulo para compensar movimentos bruscos causados pelo terremoto.
Entre as universidades que conduzem estudos científicos sobre o assunto estão a Universidade de Nagoya (Japão) e a Universidade de Washington (EUA). Os sistemas, contudo, ainda não estão prontos para instalação em prédios.